Procure conhecer melhor seus ombros. Eles merecem uma atenção especial.

11/10/2010 14:17

Procure conhecer melhor seus ombros.

Eles merecem uma atenção especial.

 

 Patologias do Ombro

 

 

O Ombro é uma articulação complexa formada pela cabeça do úmero, cavidade glenóide da escapula e a articulação acrômio-clavicular. É ela a articulação de maior eixo de movimento, podendo executar movimentos simples ou conjugados.

São considerados os movimento simples e normais do ombro:

  1. Abdução - Abrir

     

  2. Adução - Fechar
  3. Rotação interna - Mover a palma da mão para dentro
  4. Rotação externa - Mover a palma da mão para fora

Sendo os movimentos conjugados:

  1. Adução com rotação interna

     

  2. Abdução com rotação externa
  3. Circunvolução

Para que todos estes movimentos ocorram de uma maneira normal é indispensável a integridade muscular, óssea, tendínea e articular.
Dentre os músculos que participam ativamente da movimentação do ombro, devemos citar como principais o Deltóide [fig.1], o Supra espinhoso [fig.2], o Infra-espinhoso [fig.3] e o Sub escapular [fig.4]. Outros músculos também estão envolvidos na movimentação, porém, de uma maneira menos importante.

 Dentre as patologias de ombro, destacam-se a Síndrome do Impacto, Tendinites ou lesões do Manguito Rotador, a Tendinite do Bíceps e a Capsulite Retrátil ou Adesiva.

 

Síndrome do Impacto

 

O processo de abdução normal do braço ocorre nos primeiros 30 graus, à custa, basicamente, da musculatura deltoidiana, continuando após, pelo esforço exercido por quatro músculos (supra espinhoso, infra espinhoso, sub escapular e redondo menor [fig.5]) que se unem recebendo uma denominação única: tendão do manguito dos rotatores [fig. 5A e 5B].

Ao atingir aproximadamente 60 graus de abdução, o úmero encontra resistência na articulação acrômio clavicular, obrigando que a escápula participe do movimento, deslizando. Caso isto não ocorra, por oposição de uma força contrária, as estruturas interpostas entre a cabeça do úmero e a articulação acrômio clavicular (bolsa sinovial e tendão do manguito dos rotatores), sofrem um traumatismo por esmagamento cuja magnitude é variável, sendo que o mesmo processo pode ocorrer em movimentos de circunvolução contra resistência [fig.6].

Quando nos referimos à Síndrome do Impacto, estamos falando do impacto compressivo sofrido por estas estruturas, cuja magnitude poderá determinar desde pequenas tendinites do manguito dos rotatores até mesmo a ruptura de alguns dos seus tendões.

Diversas atividades cotidianas, bem como atividades esportivas e de recreação são responsáveis por esta doença que é encontrada, com certa freqüência, em nadadores de borboleta, tenistas, jogadores de vôlei, praticantes de musculação, praticantes de ginástica localizada, donas de casa e mesmo executivos.

Particularmente nas donas de casa, os hábitos de estender roupas em varais altos, pegar objetos em armários altos ou mesmo pegar suas bolsas deixadas no banco de trás do carro, obrigam a um movimento de alavanca contra resistência, fazendo com que ocorra um atrito entre o tendão do grupo muscular denominado manguito dos rotadores e a articulação acrômio clavicular. Ao se tornarem repetitivos, esses atritos podem produzir uma lesão parcial ou completa de um ou mais tendões dos músculos do Manguito Rotador [fig.7].

Como conseqüência desta lesão, ocorrerá um processo inflamatório que, no caso do tendão envolvido, será definido como tendinite do supra espinhoso, tendinite do sub escapular, tendinite do infra espinhoso, bursite subacromial - deltoidiana etc..

Fig.7

De todas as estruturas do ombro, é o tendão do supra espinhoso o mais comumente acometido. Nos indivíduos mais idosos esta alteração é mais comum, em virtude de um processo degenerativo tissular da própria idade, acrescido de menor grau de elasticidade do tendão.

Uma vez confirmado o diagnóstico desta alteração, a fisioterapia associada ao uso de antiinflamatórios e às infiltrações produzem excelentes resultados.

 Tendinite do Bíceps  

 

Na face anterior do braço encontramos o músculo bíceps braquial, que é formado por duas porções (uma curta e uma longa) [fig.8]. Como regra, as patologias do bíceps acometem a porção longa do mesmo, que é aquela onde o esforço de alavanca é mais intenso.

O bíceps braquial é o principal músculo envolvido na flexão do cotovelo, funcionando ainda como músculo acessório na flexão do ombro. É responsável pela maior parte das atividades musculares do dia a dia, já que a flexão do braço é primordial.

 

Além da patologia inflamatória do bíceps por micro traumatismos de repetição ou excesso de carga, por vezes, pode ocorrer a sua ruptura, quando a alavanca de esforço é superior ao limite de resistência do tendão ou do músculo [fig.9]. Dentre os esportistas mais sujeitos aos processos inflamatórios e às rupturas do bíceps, encontramos os praticantes de musculação e ginástica localizada, onde o uso excessivo de peso, séries de repetição prolongadas ou mesmo o mau uso dos aparelhos causam ou uma isquemia destas estruturas ou um esforço anormal do eixo de tração, o que vem a acarretar o processo.

Capsulite Retrátil ou Adesiva

 

Conhecida também com a denominação de Ombro Congelado, é esta doença um processo inflamatório da cápsula articular [fig.10,11 e 12] que, em virtude da não movimentação do ombro por alguma das doenças já abordadas, vai sofrendo, paulatinamente, um processo de retração, sendo esta uma evolução normal das doenças anteriores, quando não tratadas de maneira conveniente. Para o tratamento desta afecção, torna-se indispensável o reconhecimento do fator causal primário e a sua regularização, sendo que, sem estes, qualquer abordagem terapêutica utilizada não terá o efeito desejado.

Uma vez tratado o fator causal primário, a instituição de um programa de reabilitação bem elaborado associado a medidas analgésicas e antiinflamatórias, será de grande valia no processo de recuperação funcional.

Reabilitação do Ombro

 

 Por se tratar de uma articulação dotada de grande mobilidade e pouca estabilidade, a maioria das desordens neuro-músculo-tendinosas do ombro afetam grande números de pessoas. As causas independem da idade, do sexo ou da raça. Na maioria dos casos está relacionada com a função de trabalho, sobrecarga, movimentos repetitivos, estresse articular, posturas viciosas, desvios do tronco ou posições inadequadas da escápula e que acabam proporcionando com o passar do tempo, desequilíbrios no espaço subacromial e conseqüências no seu conteúdo (bursas e tendões). Todos esses desequilíbrios se exacerbam quando o limite fisiológico dos tecidos é ultrapassado, situação não incomum na prática de esporte ou nas lesões do tipo over-use.

Os portadores de patologias do ombro devem na sua maioria ser tratados por métodos não cirúrgicos. Apenas uns poucos indivíduos têm logo de início a indicação de cirurgia. O mesmo ocorre com outros tantos que não obtiveram sucesso com o tratamento conservador.

Dentre os métodos não cirúrgicos, destaca-se a Fisioterapia. Além da aplicação de recursos analgésicos e antiinflamatórios (eletroterapia, crioterapia), consiste fundamentalmente no trabalho de ganhar amplitude de movimentos, recuperar o equilíbrio articular e em readquirir a força, resistência e potência dos músculos envolvidos nos complexos movimentos das articulações que compõem a cintura escapular.

Nos pacientes submetidos a cirurgia, a reabilitação pós-operatória deve ser abordada como parte integrante do procedimento.

Em geral, para as diversas patologias do ombro, o tratamento é realizado em etapas com duração e intensidade variáveis, de acordo com o tipo de doença e com os objetivos a serem alcançados.

 

É importante salientar que a reabilitação precoce é fator fundamental para a boa evolução.

Dra. Patrícia Ferreira Ramos de Queiroz

CREFITO 8/18.630-F

 

 

 

 

 

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