Lesões Meniscais

18/11/2010 15:29

 Lesões Meniscais

 

 

Dois tipos especiais de estruturas chamadas meniscos situam-se entre o fêmur e a tíbia, um menisco interno (medial) e um menisco externo (lateral), estando cada um situado entre um dos côndilos femorais e uma das cavidades glenoideais da tíbia (figuras 1 e 2).  Estas estruturas são muitas vezes referidas como as cartilagens do joelho, mas os meniscos diferem da cartilagem articular que cobre a superfície da articulação.
 A presença destes meniscos é fundamental para o funcionamento do joelho, já que a sua forma e consistência especiais permitem um melhor encaixe e evitam o atrito direto das extremidades ósseas (figura 3), o que confere uma melhor estabilidade à articulação agindo como uma cunha que se coloca num pneu de um carro para evitar que ele se desloque e contribui para suportar a carga do peso corporal ao andar, protegendo assim a cartilagem articular, sobre as extremidades dos ossos, de forças excessivas. Sem os meniscos, a concentração de força numa pequena área sobre a cartilagem articular pode danificar a superfície, levando à sua degeneração ao longo do tempo.

Outra função dos meniscos é serem responsáveis pela harmonia da nutrição dos condrócitos, pois espalham o líquido sinovial sobre as superfícies articulares.

Os meniscos carregam no seu interior terminais proprioceptivos, capazes de informar ao sistema nervoso central, através do sistema neural aferente, as mudanças de posição, a velocidade do movimento, sua direção, aceleração e desaceleração, além de deformações em seu tecido, conseqüências dos efeitos danosos da carga sobre a articulação. Essa informação enviada do joelho determina a estratégia de controle muscular e coordenação dos movimentos, inclusive do tônus muscular reflexo. Lesões no menisco e meniscectomias reduzem significativamente estas funções, diminuindo o envio dessas informações ao sistema nervoso central, o que aumenta o risco de lesões maiores. Os meniscos são também densamente inervados, mais nos seus cornos anterior e posterior, do que no corpo meniscal.

 

Causas e Tipos de Lesões

 

 

Os meniscos são estruturas importantes, porém bastante sujeitas às lesões, aonde o medial chega a ser lesado 3 vezes mais que o lateral. As lesões nos meniscos podem ser provocadas por qualquer movimento forçado do joelho, quedas e traumatismos No local. Embora sejam problemas mais comuns nos desportistas e também em determinadas profissões, também podem acontecer na vida quotidiana em caso de queda ou movimento brusco ou atípico. Pode ocorrer também de o menisco não se deslocar adequadamente, podendo este ficar preso ou pressionado pelos ossos. Por outro lado, também pode sofrer uma exagerada tração provocada pelas estruturas articulares às quais se encontra unido, o que acaba por superar a sua resistência. Estes são os mecanismos responsáveis pelos dois tipos de lesões mais comuns: a ruptura total ou parcial do menisco e a desunião das estruturas articulares às quais se encontra unido.

Pode ocorrer também de os meniscos apresentarem alterações degenerativas (mais comuns na idade adulta e no idoso), o que torna sua estrutura mais fragilizada, ficando assim mais susceptível a lesões mais facilmente. Os sintomas de um paciente com lesão meniscal são variados, dependendo da localização da lesão no menisco (figura 4) e da gravidade da lesão. A característica clínica da lesão é importante no sentido de programação de tratamento e prognóstico da lesão.

 

 

 Sintomas e consequências

 

 

Os sintomas iniciais são de dor e derrame, com impotência funcional relativa. Duram 1 a 2 semanas e vão reduzindo-se. Podendo até desaparecer para logo voltarem em nova crise. Pode-se dizer que a lesão meniscal caracteriza-se por crises com intervalos assintomáticos.

Os sintomas mais comuns são dor importante no momento do entorse, podendo ser acompanhada de sensação de estalido ou mesmo estalido audível (nas lesões em meniscos com alterações degenerativas, o quadro de dor pode não ser muito intenso no início e sim ir piorando progressivamente), bloqueio da movimentação do joelho (limitação da flexão e/ou extensão), ressalto durante a movimentação do joelho, dor aguda ao agachar-se e edema e derrame articular no joelho podem estar presentes ou não.

Existem casos mais graves em que a lesão meniscal bloqueia a articulação (lesão meniscal em alça de balde). Essa situação é considerada uma urgência em ortopedia.  

 

Tratamento

 

O tratamento é baseado principalmente no tipo e localização da lesão. Pode variar entre conservador, com fisioterapia e uso de analgésicos/antinflamatórios (menos usual e mais utilizado para pacientes idosos com alterações degenerativas e sem sintomas mecânicos), e o tratamento cirúrgico, realizado por vídeoartroscopia para ressecção da área lesada ou sutura da mesma (mais comum em pacientes que praticam esportes e/ou com lesões agudas, instáveis e com limitação da movimentação da articulação).

Com a chegada da artroscopia e com o desenvolvimento da meniscectomia parcial que consiste na retirada apenas da parte lesada do menisco, preservando todo o restante do menisco sadio, as conseqüências graves que víamos nas meniscectomias totais foram minimizadas, tornando a recuperação mais rápida e permitindo assim que o paciente se levante e caminhe até no mesmo dia, permitindo um período pós-operatório mais curto.

No tratamento fisioterapêutico, dependemos de como o paciente se encontra quando ele chega para iniciar sua reabilitação. È necessário saber quantos dias da lesão se realizou cirurgia ou não, se está com dor, com limitação de algum movimento, presença ou não de edema, com déficit de força muscular da musculatura envolvida...

A utilização de recursos de eletroterapia também pode ser incluída no tratamento, objetivando a promoção da cicatrização, alívio de dor e redução de edema, estimular a recuperação celular da estrutura lesionada, ganho de tônus e força muscular.

Respeitando todas as fases da reabilitação, pode-se incluir durante o tratamento exercícios de alongamento muscular ativo e/ou passivo, reforço muscular utilizando exercícios em cadeia aberta ou fechada, treinos de equilíbrio e propriocepção usando bolas, pranchas de equilíbrio, execução de circuitos, cama elástica... objetivando com isso a maior independência e desmame do paciente do tratamento fisioterapêutico, sendo desta maneira imprescindível a necessidade do fisioterapeuta no trabalho de reabilitação de indivíduos que tenham sofrido lesões meniscais.

 

Dra Paula S. Rochedo Anzoategui

Crefito: 70007

18/11/2010

 

 

 

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